sábado, 17 de janeiro de 2009

SALÁRIOS, ATÉ QUANTO ?

No programa Fórum, transmitido durante a semana na rádio TSF, os ouvintes são convidados a participar, fazendo os seus comentários, sobre um tema da actualidade. Na semana passada, após a confirmação da entrada em recessão do nosso país, um dos participantes, depois de várias considerações sobre o que deveria ser feito para atenuar a crise, propunha que não fossem atribuídos salários superiores ao do Presidente da República. Posso imaginar, se isso fosse realmente estabelecido, qual seria a reacção dos gestores de algumas empresas públicas , que auferem salários exorbitantes, alguns beneficiando já de boas reformas e a acrescentar ainda as regalias dum carro à disposição, cartão de crédito, subsídios generosos quando se deslocam em serviço além de outros que nos escapam. Tudo isto totalizará uma quantia que ultrapassa em muito o salário atribuído ao chefe da nação. Certamente que ao serem concedidos esses cargos foram tidas em atenção o nível das suas qualificações académicas, as provas já dadas das suas capacidades de trabalho e a esperança de poderem vir a ser uns bons profissionais. Mas será que isso obriga a que lhes sejam pagas remunerações tão elevadas?!
É de considerar também os enormes salários que alguns jogadores de futebol recebem, especialmente os que jogam em grandes clubes do país, pois constituem uma afronta para todos aqueles que têm de trabalhar toda a vida para conseguirem uma reforma que lhes dê alguma segurança na velhice, e mais ainda, para aqueles que nem isso conseguem … E isto, não tendo em conta os prémios, as campanhas publicitárias que fazem, etc. etc. E estes ganhos são justificados alegando-se que são obrigados a deixarem os relvados muito cedo. Tenho imensa pena deles !!! E o dinheiro que investem, os negócios em que se envolvem, as quantias que depositam nos bancos, não lhes garantem um futuro confortável, continuando a manter o nível de vida a que se habituaram? Só se foram perdulários e gastaram sem pensar no dia de amanhã.
O abrandamento da economia, que se tornou numa crise global, vai levar ao encerramento de mais empresas e, consequentemente, ao despedimento dos seus trabalhadores ou à redução de postos de trabalho. E o enorme fosso entre ricos e pobres, que já se verificava no nosso país, vai aumentar e agravar as situações de pobreza que a pouco e pouco irão surgindo, afectando uma boa parte da nossa população.
Há sempre um conjunto de razões que irão justificar a existência da pobreza no mundo, nos seus variados escalões. Nem todos têm capacidade para orientar as sua vidas, outros, as adversidades fazem-lhes perder a vontade de lutar, e quantos não levam uma vida de trabalho árduo e nunca conseguem os meios para poderem viver com dignidade. E há aqueles que se recusam a trabalhar e, a pouco e pouco, as suas vidas vão-se degradando. Mas agora estamos perante uma nova pobreza, que são todos aqueles que, de um momento para o outro, perderam os seus empregos e vêem as suas vidas destroçadas pela incapacidade de poderem continuar a fazer face aos seus compromissos e a sentirem que se tornam poucas as possibilidades de voltarem a ter um trabalho estável. Em princípio, terão direito ao subsídio de desemprego, ao rendimento mínimo, mas só por um período de tempo. E depois, se não conseguirem voltar a equilibrar as suas vidas, que perspectivas podem ter para o futuro, que reforma receberão na velhice? Entretanto, aqueles que recebem os tais salários milionários, continuarão a viver desafogadamente, com ostentação até, e sem preocupações no futuro.
Li há momentos na Revista Visão desta semana, que os inquiridos da primeira sondagem do projecto “Nós, Portugueses” dizem que um salário de 5000 euros é de milionário; um de 560 euros marca a fronteira da pobreza. Qual é a reforma mínima em Portugal? Quantos já estão no limite da pobreza? E quantos mais a atingirão? Quem vai ajudar a resolver esta situação? O Estado, que atribui grandes salários aos seus gerentes? Tantas interrogações para tão poucas certezas…


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