quarta-feira, 5 de agosto de 2009

HÁBITOS

As aulas de hidroginástica do Ginásio Clube Figueirense foram suspensas para um período de férias. Durante um mês não farei as minhas caminhadas até à piscina e isso vem quebrar uma das minhas rotinas da semana. Mesmo os mais avessos a hábitos estabelecidos não podem fugir a eles. Toda a nossa vida, quer queiramos quer não, gira à volta de rotinas, muitas delas são consequência de obrigações a que não podemos fugir. Depois há hábitos que herdámos da infância, pela educação que recebemos, muitos dos quais ainda conservamos. Cada um de nós vai-os desenvolvendo ao longo da vida, ao mesmo tempo que perdemos uns e adquirimos outros. É curioso que muitas vezes eles nos identificam, embora isso nem sempre nos traga qualquer benefício. Li há pouco tempo, na revista Sábado, a notícia de um caso passado no Reino Unido. Uma mulher de 85 anos vivia sozinha num apartamento de uma rua movimentada de Edimburgo e era conhecida da vizinhança porque passava na rua 4 vezes por semana, calçada com botas e mochila às costas, equipada para os passeios que costumava dar. Nos últimos 5 anos ninguém estranhou a sua ausência. A reforma continuava a vir para a sua conta bancária e as suas contas pagas através do banco. E foi passado esse tempo que o vizinho do andar de baixo se queixou por problemas de infiltrações surgidos no tecto e a falta de resposta da inquilina. A polícia teve de intervir e encontrou o corpo desta mulher sem vida. São situações quase inimagináveis, mas que, infelizmente, acontecem.
Há aqueles hábitos que se tornam rituais que cumprimos religiosamente. Eu sou uma pessoa de hábitos, que giro com uma certa rigidez, e sinto-me um pouco perdida quando a minha vida foge à rotina. Sou especialista em gestos que até podem passar despercebidos a quem me conhece e lida mais de perto comigo, que são reflexos involuntários dos quais eu própria nem me apercebo. Gosto muito da simetria, cada coisa no seu lugar, colocada de uma certa maneira. A toalha que está descaída de um lado, o armário com a porta entreaberta, a cadeira um pouco afastada da mesa, são situações que me obrigam a intervir de imediato. Cada doido tem as sua manias!
Infelizmente, há hábitos que se transformam em vícios, que prendem as pessoas nas suas malhas e podem arruinar as suas vidas, como o álcool e a droga. E aqueles hábitos que se vão perdendo pouco a pouco e levam as pessoas muitas vezes ao isolamento, ao distanciamento dos outros. Nestes casos é muito difícil qualquer tentativa de ajuda, de aproximação, porque não há receptividade nem abertura. A perda de hábitos acaba por levar à solidão que vai invadindo a vida dos idosos, dos esquecidos, dos marginalizados…
Não me posso esquecer: Em Setembro começam de novo as minhas aulas de hidroginástica !

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