sexta-feira, 26 de março de 2010

"PERDIDOS EM SI MESMOS"

Há umas semanas atrás vi o filme “Away from her”- “Longe dela”. Voltei a vê-lo mais tarde e não sei se haverá ainda uma terceira vez. A história envolve um casal de meia-idade que está a passar por um grave problema. A senhora começa a revelar sintomas da doença de Alzheimer. Os actores conseguem encarnar tão bem as personagens que, ao ver o desenrolar das imagens , eu esqueço-me que é uma representação, e do princípio ao fim, deixo-me envolver nas emoções que as cenas vão transmitindo e vejo Grant e Fiona como amigos meus que estão vivendo o mesmo drama.
Alguém me dizia que “este filme deve ser visto quando se tem 50 anos”, isto porque os primeiros sinais da doença podem manifestar-se muito cedo. Se estas pessoas recorrerem ao médico e começarem a ser devidamente medicadas, isso irá permitir o atraso da evolução da doença e gozarem mais tempo de autonomia e qualidade de vida. E lembro uma frase do actor: “ O cérebro dum doente com Alzheimer é como uma casa iluminada, quando pouco a pouco se vão desligando os interruptores”.
Fiona foi tendo consciência das suas perdas de memória. Procurou informar-se sobre a doença. Ela e o marido decidem consultar uma médica especialista e os testes que esta lhe faz confirmam que tem doença de Azheimer. E será Fiona, já muito perdida nas suas ideias, que vai decidir o seu futuro, apesar da angústia que sente invadi-la.
As implicações que a doença de Alzheimer tem na vida dos familiares da pessoa doente, sobretudo naqueles que vivem mais de perto a situação, revelam-se extremamente desgastantes, tanto a nível físico como emocional. Familiares meus estão vivendo este drama e sei como lhes é difícil assistir à diminuição progressiva das capacidades do seu ente querido e ao mesmo tempo manterem o ânimo e terem forças para levarem em frente a sua tarefa.
Tenho duas amigas que sofrem desta doença. Uma delas foi minha colega de trabalho e sempre fomos muito chegadas. Relembro as mulheres que elas foram: mães de família, exercendo actividades profissionais, participantes na comunidade, sempre com um sorriso nos lábios e uma palavra amiga para todos. Quando as visito, regresso a casa com o coração triste…
Doença de Alzheimer, “ Um Caminho de Dependência”.