quarta-feira, 19 de maio de 2010

UM ADEUS

A semana passada recebi a triste notícia acerca de um jovem de 34 anos, que eu vi crescer, e que na estrada perdeu a vida. Deixou um filho de 4 anos e uma família que o amava. “Ainda era um menino…” dizia a mãe, lamentando-se, no seu choro de dor. E quantos “meninos” mais irão deixar um rasto de sofrimento nas famílias que os verão partir !…
Nestes momentos, eu interrogo-me “Porquê, Senhor?” Mas logo recordo as palavras do Livro de Eclesiastes “Neste mundo, tudo tem a sua hora, cada coisa tem o seu tempo próprio. Há o tempo de nascer e o tempo de morrer…” Uma criança nasce e logo começam a preocupações dos seus pais. Uma pequena alteração no seu estado de saúde é o suficiente para ficarem inquietos. Cada dia é uma etapa na vida que vai desabrochando, como a flor que a pouco e pouco abre as suas pétalas e se mostra em toda a sua beleza. Vão-se fazendo planos para o futuro e até se começa, muitas vezes, a antever a carreira que o filho poderá seguir por se achar que talvez possa ter mais sucesso em termos profissionais.
Mas os imprevistos fazem parte do percurso da nossa vida e as realidades sobrepõem-se aos sonhos. Somos como uma “cana agitada pelo vento” e que a qualquer momento se pode vergar e partir. A fragilidade da nossa vida é evidente, mesmo quando tudo parece estar a correr bem. O José Luis foi sempre um rapaz pacato, tranquilo, estimado por todos. Tocou na filarmónica da sua terra. A seu tempo casou e nasceu um filho dessa união. Era camionista nos transportes rodoviários de longo curso. Com muito trabalho e sacrifício o casal foi construindo a casa que muito em breve iriam habitar. A Igreja Evangélica de Alhadas foi pequena para acolher todos aqueles que lhe quiseram dizer o último adeus.
“Ainda era um menino”, relembro muitas vezes estas palavras, pois elas traduzem toda a tristeza da sua mãe, mas ao mesmo tempo a incompreensão de, num momento para o outro, o ver partir. Uma mãe não consegue encontrar uma explicação que possa justificar a perda dum filho. Foi ela que o trouxe dentro de si, é desde esse momento que o começa a amar e não podem haver palavras que traduzam o sentimento que o liga a si. Perdê-lo ,seja em que altura da sua vida for, será sempre uma dor imensa e longe de desaparecer…
Mas nós não temos uma permanência física eterna. Todos temos plena consciência que a nossa hora há-de chegar. Quando, só Deus o sabe. O José Luis está na Sua presença onde todos nos iremos reunir. Ali, “não haverá mais morte, nem pranto , nem clamor, nem dor”, e para sempre gozaremos da vida eterna.