sábado, 12 de junho de 2010

LUTADORES OU ACOMODADOS

Dei por mim a pensar nos momentos em que olhamos para trás e deixamos que o pensamento nos leve a reviver os anos que já passaram. Rumos que tomámos por opções que fizemos, o desânimo dos fracassos ligados à alegria das conquistas. A luta para conseguir vencer as dificuldades e as emoções vividas com a constituição da família e o nascimento dos filhos. A gratidão a Deus pelas muitas bênçãos recebidas. Muitas coisas que deixámos de fazer porque não soubemos aproveitá-las e que já não vamos a tempo de agarrar. Uma mistura de sentimentos que nos envolve e que nos obriga a continuar, porque a vida é feita de avanços e recuos. Apercebemo-nos que ela se vai escoando pelos anos que passam, mas que vamos sempre a tempo de, com perspectivas positivas, procurar o seu equilíbrio. É a ”vontade de viver” que nos impulsiona a ir em frente.
Mas ultimamente tenho vindo a observar melhor o modo como as pessoas, talvez as mais velhas, mas não só, “vão levando a vida”. Isso significa, para mim: viver acomodado, fugindo ao envolvimento pessoal com situações reais da vida e o desinteresse por tudo aquilo que se prefere ignorar para se evitar desgostos ou aborrecimentos. A falta de empenhamento nas actividades em que se está envolvido e deixar correr os dias na rotina de hábitos que se foram adquirindo. O saudosismo do passado e a dificuldade em aceitar as mudanças do presente. A falta de paciência para lidar com situações que ultrapassam a compreensão. A omissão de comentários que possam criar antagonismos. A doença que fragiliza o corpo e perturba o espírito. As barreiras que se vão construindo e que a pouco e pouco vão quebrando a participação na sociedade.
No ritmo acelerado, que a vida nos impõe, torna-se cada vez mais difícil encontrar disponibilidade para o estreitamento de relações com a família e com os amigos e vai havendo uma maior predisposição para que muitas pessoas acabem por “ir levando a vida” conforme acham melhor e podem, encarando o futuro com uma certa reserva.
“Lutadores” ou “acomodados” sabemos que não podemos controlar a vida, mas teremos de continuar a enfrentar os desafios que ela nos põe.