sábado, 25 de outubro de 2008

TRABALHAR EM EQUIPA

Sou fã do programa da SIC Mulher, “Querido mudei a casa”. Um dia, encho-me de coragem e candidato-me também. Mas a distância conta muito, os pedidos, calculo, são imensos e as escolhas devem obedecer a determinadas regras e, com tudo isto, as minhas possibilidades são mínimas ou praticamente nulas…
Há poucas semanas atrás, o “Querido” foi renovar uma cozinha na zona de Lisboa. A família era constituída pelos pais e dois filhos adolescentes. A mãe cozinhava para fora. Foram os filhos, com a ajuda do pai, que escreveram a candidatarem-se para a transformação da cozinha, que não reunia, como pudemos ver, as condições necessárias e desejáveis. Depois de dois dias e muitas horas durante a noite de um trabalho incessante, foi com muita alegria e emoção que a família foi surpreendida com uma nova cozinha, muito bem equipada, funcional e bem decorada, ultrapassando todas as expectativas da família. E era a própria mãe que dizia, chorando, que era muito difícil para os espectadores poderem avaliar aquela cozinha, que estava muito linda! Confesso que, quando o programa terminou, eu fui dar uma olhadela à minha cozinha, suspirando pela visita do “Querido”!
Quando vejo este programa, admiro a maneira como aquela equipa trabalha, desde a apresentadora, passando pelos decoradores e restantes trabalhadores, incluindo também os técnicos da televisão.
Posso ver, pelo menos é essa a minha impressão, a camaradagem e o espírito de equipa que ali existe. A preocupação de todos é dar tudo por tudo para que o projecto, que têm para aquele espaço, seja conseguido e realizado dentro do prazo estipulado. Os decoradores, por vezes, têm de fazer alterações ao projecto que tinham criado, porque aqueles que com eles trabalham se deparam com situações inesperadas, difíceis de ultrapassar em apenas dois dias, e são eles próprios que sugerem alternativas. Cada um tem de cumprir a sua tarefa, é por ela que é responsabilizado, mas quando o trabalho aperta, todos partilham do sentimento de reunir esforços e ajudar no que for preciso para concluir o projecto, surpreender os concorrentes e o programa possa ser transmitido. Infelizmente, nem sempre isso se passa no mundo do trabalho. Há muito a ideia de cada um fazer somente o trabalho que lhe compete. É normal o trabalhador ocupar um determinado lugar segundo as suas capacidades e qualificações. E por ocuparem esses cargos são responsabilizados e remunerados. É esperado que saibam trabalhar em equipa para que daí resulte um bom ambiente de trabalho e a empresa ou instituição atinja os seus objectivos. Porém, trabalhar em equipa exige capacidade de partilha nas mais variadas situações. Se o meu colega tem muito trabalho e eu tenho disponibilidade, eu devo tentar dar uma ajuda. Surge uma situação inesperada e a pessoa responsável não está no momento, se posso, procuro resolver o problema e muitos outros casos poderiam ser apontados. Criar barreiras, mostrar atitudes de indiferença, não valorizam as pessoas e só prejudicam as relações e reflectem-se na boa imagem que devemos dar como profissionais. Criam instabilidade e acabam por ter repercussões na prestação dos bons serviços que as entidades empregadoras se empenharam para poderem ter sucesso. No final, acabam por nem uns nem outros saírem beneficiados.

domingo, 19 de outubro de 2008

GRATIDÃO

Quando passo pela zona da nossa cidade conhecida pelo Pinhal, olho sempre para uma casa pequena, amarela, que fica numa esquina e hoje desabitada e degradada. Recordo então, que há muitos anos, era habitada por uma mulher, mãe solteira, com dois filhos pequenos. Trabalhava a dias e levava uma vida muito dura. Quando a conheci, tinha os filhos num infantário, e, segundo me contavam, havia meses que ela não podia pagar as mensalidades dentro do prazo estipulado, embora fosse uma pequena importância. Quando sabia que isso ía suceder, telefonava, pedia muitas desculpas pelo atraso e prometia fazê-lo logo que lhe fosse possível e cumpria sempre! Era uma mulher que lutava arduamente para poder dar aos filhos o mínimo de condições. Qualquer atenção que recebia, qualquer favor que lhe prestassem, ela mostrava-se sempre muito reconhecida e agradecia com um bonito sorriso no rosto, já bem marcado pelo sofrimento.
E penso para comigo, que sermos gratos parece simples, mas não é. Nem sempre é fácil amarmos a vida tal e qual como ela se nos apresenta. Quando as circunstâncias nos são adversas é complicado sentirmo-nos gratos. Temos a tendência para avaliarmos a vida dos outros e acharmos que ela é muito melhor do que a nossa, ao mesmo tempo que lamentamos muitas vezes a nossa imerecida falta de sorte. Depois, quando a vida nos sorri e estamos a passar por momentos mais felizes e ficam para trás as frustrações e dificuldades por que passámos, consideramo-nos merecedores duma recompensa. É compreensível que, em tempos de crise , nos lamentemos e choremos as nossas desilusões, os nossos fracassos e desgostos. Mas a pouco e pouco, com o passar do tempo, eles vão-se dissipando e deixamos de vê-los como resultantes da nossa falta de sorte, mas antes como fazendo parte da vida. Viver o presente, com tudo aquilo que ele tem para nos dar, impõe deixar de pensar no futuro com a ilusão de que sempre iremos viver melhores dias, criando assim fantasias sem fundamento. Implica também que devemos saber agradecer e dar valor a tudo o que o presente nos dá.
Dar e receber, uma partilha de sentimentos, que, com o desenrolar da vida, se tornam num bem-estar, numa satisfação, indispensáveis para uma vivência feliz, nunca esquecendo de saber dar sempre graças a Deus pela nossa vida, com os seus momentos bons e menos bons, vividos com os nossos familiares e amigos, compreendendo que faz sentido vivê-la em pleno.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

domingo, 12 de outubro de 2008

A FALTA DE VALORES

Que sociedade é esta em que nós vivemos ? Tudo é permitido, vão-se abdicando de valores outrora tão valiosos, que os pais procuravam deixar como legado aos seus filhos. Não eram exclusivos duma classe socialmente bem situada. Os mais humildes, na sua simplicidade, educavam os seus filhos desde bem cedo, com regras morais e religiosas, para que pela vida fora fossem pessoas honradas, com sentido do dever cumprido. Nesse tempo, a expressão “ dou a minha palavra de honra” tinha um significado muito forte. Não era dita à toa, transmitia confiança, verdade, respeito. Hoje caiu em desuso e se, por mero acaso, é pronunciada, temos de pensar muito bem na sua veracidade, naquilo que estará por detrás das palavras. Vivemos numa sociedade em que o lema é “cada um salvar-se como puder”, não importa os meios que são usados para se atingirem os fins desejados. E é preocupante, assistirmos a casos, em que as próprias crianças já demonstram atitudes inquietantes, e que nos levam a interrogarmo-nos que cidadãos serão amanhã… Mas elas são fruto dos dias que se vivem, do pouco tempo que os pais têm para falarem com elas, para acompanharem o seu desenvolvimento. Quantas dessas crianças têm a chave de casa no bolso porque lá não está ninguém para lhes abrir a porta? Sozinhos em casa, navegar na Internet, se a possuem, aguça a sua curiosidade e leva-os, sem o acompanhamento dos adultos, a descobrir programas inadequados e perigosos. Claro que não se pode generalizar, há muitas crianças e adolescentes que sabem fazer escolhas, seguir os conselhos dos mais velhos, e que vão conseguindo orientar-se sob determinados princípios que os evidenciam nos estudos, no comportamento em geral. São eles as nossas esperanças para um mundo mais humanizado.
Na verdade, os tempos estão difíceis. Muitas vezes chega a não haver o mínimo para sobreviver. O emprego pode não estar garantido, mas as despesas crescem porque se passou também a não saber prescindir de certos “luxos”. As preocupações aumentam e as pessoas vão deixando de ter tempo para parar e pensar, e ter em atenção certos limites que não deveriam ter sido ultrapassados, mas que as pressões a isso as obrigaram.
Há valores que estão em crise, é o que se ouve dizer constantemente. O respeito que os outros nos devem merecer, o cuidado que devemos pôr nas atitudes que tomamos e naquilo que dizemos, a solidariedade, a partilha, a luta contra as injustiças, e por aí fora! Tudo isto se reúne no mandamento de Jesus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. E mais tarde reforçado nas palavras do apóstolo Paulo dirigidas aos crentes da igreja de Corínto : “ O amor é paciente e prestável. Não é invejoso. Não se envaidece nem é orgulhoso. O amor não tem maus modos nem é egoísta. Não se irrita nem pensa mal. O amor não se alegra com uma injustiça causada a alguém, mas alegra-se com a verdade. O amor suporta tudo, acredita sempre, espera sempre e sofre com paciência. O amor é eterno …Agora existem três coisas: fé, esperança e amor. Mas a mais importante é o amor”. I Coríntios 13.
Que mais posso eu acrescentar?

sábado, 4 de outubro de 2008

UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO E ABNEGAÇÃO

Com o passar dos anos tem-se vindo a acentuar a impossibilidade das famílias para cuidar dos seus idosos. Cada vez abrem mais lares mas, apesar disso, todos eles, pelo que sei, têm listas de espera, pois não conseguem abranger o número de idosos que precisam de lugar para ali passarem a viver, em condições dignas, o tempo que Deus lhes irá ainda conceder de vida. Não é fácil, e digo-o por experiência. Quem tem uma profissão e está fora de casa a maior parte do dia, e sem ajuda de terceiros, cuidar do seu familiar idoso, quando este vai perdendo as suas capacidades e fica dependente de ajuda continuada, é muito difícil. Encontrar alguém que se responsabilize a tempo inteiro ou só durante parte do dia para tomar conta e dispensar os cuidados necessários a um idoso, torna-se muito complicado, assim como também suportar os honorários que são pedidos. Por outro lado, há que ter muito cuidado com o tipo de pessoa a quem se vai entregar esse serviço, a sua preparação face aos cuidados que deve prestar ao idoso, o respeito que este lhe merece, a sua sensibilidade face às dificuldades que vão surgindo, e tantas coisas mais. É um problema que se está a pôr cada vez mais na nossa sociedade e que nem sempre é fácil de resolver.
Mas há ainda pessoas idosas que têm familiares disponíveis para deles se ocuparem, com dedicação e amor, proporcionando-lhes a melhor qualidade de vida possível. Tenho uma amiga, também ela já com 81 anos, que partilha a sua casa com uma familiar de 93 anos, numa situação de demência, senilidade, inconsciente face às atitudes que toma e que a tornam por vezes agressiva, inquieta, difícil de controlar nas suas exigências. Mas esta minha amiga está ali para cuidar dela com carinho, não importa que tenha de renunciar a muitas coisas em que gostaria de ocupar os seus dias. Há vozes que a alertam para ter cuidado consigo própria, que a aconselham a pôr a sua familiar num lar porque está a tornar-se difícil conseguir manter uma vivência saudável, tranquila, e sucedem-se os avisos, os conselhos. Mas para ela cuidar da sua familiar não é um fardo e o seu amor impede-a de virar as costas às dificuldades que se vão avolumando. Apesar da sua idade, esta minha amiga é uma pessoa activa, de espírito aberto ás mudanças, uma mulher que ainda tem muito para nos dar. Mas a sua familiar tem a prioridade e vai sempre poder contar com ela!
Um exemplo de dedicação e abnegação!