Há poucas semanas atrás, o “Querido” foi renovar uma cozinha na zona de Lisboa. A família era constituída pelos pais e dois filhos adolescentes. A mãe cozinhava para fora. Foram os filhos, com a ajuda do pai, que escreveram a candidatarem-se para a transformação da cozinha, que não reunia, como pudemos ver, as condições necessárias e desejáveis. Depois de dois dias e muitas horas durante a noite de um trabalho incessante, foi com muita alegria e emoção que a família foi surpreendida com uma nova cozinha, muito bem equipada, funcional e bem decorada, ultrapassando todas as expectativas da família. E era a própria mãe que dizia, chorando, que era muito difícil para os espectadores poderem avaliar aquela cozinha, que estava muito linda! Confesso que, quando o programa terminou, eu fui dar uma olhadela à minha cozinha, suspirando pela visita do “Querido”!
Quando vejo este programa, admiro a maneira como aquela equipa trabalha, desde a apresentadora, passando pelos decoradores e restantes trabalhadores, incluindo também os técnicos da televisão.
Posso ver, pelo menos é essa a minha impressão, a camaradagem e o espírito de equipa que ali existe. A preocupação de todos é dar tudo por tudo para que o projecto, que têm para aquele espaço, seja conseguido e realizado dentro do prazo estipulado. Os decoradores, por vezes, têm de fazer alterações ao projecto que tinham criado, porque aqueles que com eles trabalham se deparam com situações inesperadas, difíceis de ultrapassar em apenas dois dias, e são eles próprios que sugerem alternativas. Cada um tem de cumprir a sua tarefa, é por ela que é responsabilizado, mas quando o trabalho aperta, todos partilham do sentimento de reunir esforços e ajudar no que for preciso para concluir o projecto, surpreender os concorrentes e o programa possa ser transmitido. Infelizmente, nem sempre isso se passa no mundo do trabalho. Há muito a ideia de cada um fazer somente o trabalho que lhe compete. É normal o trabalhador ocupar um determinado lugar segundo as suas capacidades e qualificações. E por ocuparem esses cargos são responsabilizados e remunerados. É esperado que saibam trabalhar em equipa para que daí resulte um bom ambiente de trabalho e a empresa ou instituição atinja os seus objectivos. Porém, trabalhar em equipa exige capacidade de partilha nas mais variadas situações. Se o meu colega tem muito trabalho e eu tenho disponibilidade, eu devo tentar dar uma ajuda. Surge uma situação inesperada e a pessoa responsável não está no momento, se posso, procuro resolver o problema e muitos outros casos poderiam ser apontados. Criar barreiras, mostrar atitudes de indiferença, não valorizam as pessoas e só prejudicam as relações e reflectem-se na boa imagem que devemos dar como profissionais. Criam instabilidade e acabam por ter repercussões na prestação dos bons serviços que as entidades empregadoras se empenharam para poderem ter sucesso. No final, acabam por nem uns nem outros saírem beneficiados.