sábado, 30 de maio de 2009

AMIZADES

“Um amigo nobre e bom, nunca nos será definitivamente roubado, porque deixará um rasto de luz nas nossas vidas”.
Todos nós temos amigos com quem partilhámos muitos momentos da vida. Os amigos da infância, que cresceram connosco, companheiros de brincadeiras, colegas de escola; amigos mais chegados, com quem trocámos confidências, de quem nos tornámos inseparáveis. Mas, a pouco e pouco, cada um foi dando novo rumo à sua vida , fomos perdendo o contacto e hoje fazem parte das nossas lembranças do passado. Mas, felizmente, ainda há aqueles a quem continuamos muito ligados, embora não os vejamos com frequência. Ouvimos a sua voz no telefone, trocamos mensagens e de tempos a tempos passamos alguns momentos juntos numa boa conversa. São as grandes amizades que permanecem intactas, não importa a distância que nos separe ou o tempo que podemos passar sem nos vermos.
Mas há aqueles amigos que, em qualquer circunstância, estão sempre ao nosso lado, amigos carinhosos , compreensivos, afáveis, com quem sabemos que podemos sempre contar. Tenho uma amiga muito querida, com 93 anos. A nossa amizade foi-se fortalecendo com o passar dos anos. Recordo com um misto de satisfação e saudade as nossas conversas , num espírito de abertura e cumplicidade, sempre mantidas num relacionamento de delicadeza e respeito mútuo. Hoje, a sua idade e saúde, não permitem passeios pela cidade, nem amenos diálogos à mesa do café, mas a nossa relação de amizade irá manter-se até que Deus queira!
“ O mundo parece muito vazio, se só pensarmos em montanhas, nos rios e cidades…, mas se há alguém, em algum lugar, que pense em nós e sinta como nós e que, apesar da distância, está perto em espírito, então a Terra converte-se num jardim habitado.” Goethe.

sábado, 23 de maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

TRABALHO. E A IDADE ?!

Recordo-me de há alguns anos ter ficado muito admirada quando soube que um amigo meu se tinha reformado com 48 anos. Achei que com aquela idade um homem está no auge das suas capacidades, com suficiente energia e maturidade, além da experiência e conhecimento que adquiriu na área onde exerceu a sua actividade profissional. Retirar-se do activo, não me pareceu uma boa opção. Fui-me dando conta que ele não era um caso isolado, tendo conhecimento que muitas outras pessoas, por iniciativa própria ou a convite da entidade patronal, entram na pré-reforma depois de acordos feitos entre ambas as partes. Tudo bem, cada um é livre para decidir o que acha mais conveniente para o seu futuro, sobretudo quando tem a possibilidade de escolher e se desejar continuar a estar activo encontra sempre que fazer.
Nestes tempos de crise que estamos a atravessar a realidade é outra. As pessoas perdem os empregos, mas precisam de continuar a trabalhar para poderem satisfazer os seus compromissos e fazer face às necessidades do dia-a-dia. Não se pode viver com o mínimo condições quando não se tem fontes de rendimento. Uma grande parte das pessoas que têm vindo a perder os seus empregos, à partida já sabem que lhes vai ser muito difícil, ou quase impossível, encontrar trabalho, porque têm mais de 40 anos… E, isto acontece, porque os empregadores, que precisam de estar atentos à competitividade do mercado, apostam no rejuvenescimento do seu pessoal. A idade passa a ser um impedimento e assim se vai desvalorizando o trabalho dos mais velhos…
Passo a transcrever um trecho de José António Saraiva , na revista TABU, de 05/07/08 que diz:

“ A atribuição de trabalhos a jovens é boa em muitos casos – como é boa a conservação em certos lugares de pessoas com alguma idade mas que deram provas de manter a juventude de espírito, o gosto pelo trabalho e a abertura à mudança.
Desprezar os jovens por serem inexperientes é mau – como mau é dispensar prematuramente os mais antigos por serem “demasiado” experientes.
Como em tudo na vida, a verdade raramente está num extremo – está, normalmente, no equilíbrio. Um equilíbrio sábio, em que se aproveite a sabedoria e maturidade dos mais velhos potenciada pela energia e pelo entusiasmo dos mais novos.
Mesmo na arte, não há regras. Não nos esqueçamos de que, se Mozart compôs o Requiem com 35 anos, Saramago escreveu os seus melhores livros depois dos 60. Todas as fases da vida têm forças e fraquezas. O segredo é tirar de cada uma o melhor rendimento.”

sábado, 2 de maio de 2009

DIA DA MÃE

Num pequenino livro com pensamentos dedicados às mães, eu encontrei este, que diz : “Tanta doçura a mãe encerra que Deus para ter mãe deixou o céu e desceu à terra”.
Para muitos, Maria é alguém que, pelo facto de ter sido escolhida por Deus para ser mãe do seu Filho, se tornou num ser divino a quem prestam culto, dirigem as suas preces e fazem promessas que vão até ao sacrifício. Para nós, crentes evangélicos, Maria foi escolhida por Deus para, através do poder do Espírito Santo, conceber e dar à luz o Seu filho, o Deus feito homem, que desceu à Terra para anunciar aos homens a Boa Nova da Salvação e dar a Sua vida em resgate pelos nossos pecados. Entre todas as virgens de Israel, Maria foi a eleita por Deus para ser mãe de Jesus, porque Ele encontrou nela virtudes que a tornavam diferente de todas as outras. Como todo o ser humano, Jesus tinha de nascer de uma mulher, tinha de ter uma mãe. Embora Ele fosse divino, a presença da mãe a Seu lado, o amor, o carinho que dela iria receber, não podiam ser dispensáveis, pois Jesus iria crescer como todas as crianças.
Alguém disse que “a mãe é o ser que prepara na sua própria carne a pessoa humana destinada à eternidade”: Tarefa importante a dela!
O que é para nós uma mãe? Qual é a imagem que temos da nossa mãe? E de nós, mulheres, que somos mães? Nestes últimos tempos eu faço constantemente avaliações à minha vida. Transporto-me ao passado, volto de novo a ser criança e jovem, lembro-me de situações que vivi e recordo com muita saudade a minha mãe e sinto que falhei algumas vezes como filha. Certamente que isto se passa com todos nós quando atingimos uma idade mais avançada e vemos a vida com outros olhos.
Quando os meus filhos eram crianças eu preocupava-me com o seu bem-estar, com a sua felicidade, mas hoje, os meus cuidados não diminuíram, parece até que aumentaram. Continuo a estar atenta, sofro com as suas tristezas e alegro-me com as suas alegrias . Embora eles já sejam independentes, com família constituída, a minha experiência de vida e também as transformações constantes que vou observando na sociedade em que vivemos, têm-me tornado mais sensível e mais receosa ao mesmo tempo. Mas qual é a mãe que não se preocupa com os filhos, mesmo quando eles já são homens e mulheres?!
Todos nós conhecemos mulheres que criaram sozinhas os seus filhos. Algumas tiveram a ajuda dos seus familiares, outras, para fazer face à vida, deixaram-nos em colégios onde permaneceram até serem jovens. Outras, viram-se obrigadas a entregar os filhos a outras pessoas, para que eles pudessem gozar dos cuidados que elas não lhes podiam dar, e assim foram-se quebrando muitas vezes os laços afectivos. Mas isso continua a acontecer nos nossos dias.
Há muitos anos conheci uma mulher que tinha um filho pequeno para criar, uma criança doente, que sofria de asma. Andava de casa em casa a buscar lavagem para os porcos que criava. Trabalhava também como empregada doméstica e, assim, iam sobrevivendo. Algum tempo depois, começou a trabalhar na nossa casa. Acompanhei de perto a sua labuta pela vida. Durante anos e anos, ela lavou chãos, lavou roupa, cozinhou nas casas onde trabalhava. Durante os meses de verão vendia bolos na praia. Calcorreava o areal duma ponta à outra, dobrada sob o peso dos baús, debaixo do calor e sol. Nunca lhe ouvi um queixume, uma palavra de revolta contra a vida que lhe era madrasta. Foi uma segunda mãe para os meus filhos, a quem tratou sempre por “meninos” (foi assim que tinha aprendido quando, em nova, começou a trabalhar…). Era uma pessoa muito educada. Nunca lhe ouvi uma palavra menos própria.
Passados anos, o filho estabeleceu-se em Lisboa, mas o negócio corria-lhe mal. “Ele nunca teve sorte, já nasceu sem ela…” dizia-me ela com amargura. E lá ia ela de quinze em quinze dias para Lisboa, tratar-lhe da roupa, cuidar da casa e escutar os seus desabafos, pois ele vivia só. Algum tempo depois mudou-se definitivamente para casa do filho. Um dia, falando com o Tó, como é conhecido, ele dizia-me: “Eu não tenho sido um bom filho, não lhe tenho dado a ajuda que ela precisa. A vida tem-me corrido mal e os problemas sucedem- se. Ela é que tem sido o meu amparo. Mesmo que não lhe queira falar das minhas dificuldades, ela adivinha-as e sofre muito com isso”. Lembro-me deste pensamento: “Ó mãe, perdoa-nos por não te termos dedicado o amor que mereces, tu, que vives exclusivamente para nós e por nós vais morrendo dia-a-dia”
A Senhora Lídia faleceu há perto de dois meses, já com os seus 90 anos. Sozinho, o filho cuidou dela até ao fim.
Mãe e filho, exemplos a registar numa sociedade tão falha de valores! Presto a minha singela homenagem a uma grande Mãe e a um bom Filho !
Quero deixar aqui um esclarecimento: Os cristãos evangélicos celebram há quase 100 anos o “Dia da Mãe” no 2º Domingo de Maio. Em 1912, numa comunidade evangélica da cidade de Filadélfia, nos USA, um grupo de jovens juntou-se para homenagear a mãe de Ana Jarvis, uma jovem que tinha perdido a sua mãe. Outras igrejas abraçaram a ideia e a 10 de Maio de 1913 realizou-se a primeira comemoração oficial do “Dia da Mãe” e no ano seguinte foi declarada a celebração deste dia em toda a América do Norte. Outras igrejas evangélicas ,pelo mundo fora, foram reservando esta mesma data para homenagear as suas mães, assim como também muitas igrejas católicas romanas. No nosso país os católicos romanos celebram este dia no 1º Domingo de Maio.