sábado, 16 de maio de 2009

TRABALHO. E A IDADE ?!

Recordo-me de há alguns anos ter ficado muito admirada quando soube que um amigo meu se tinha reformado com 48 anos. Achei que com aquela idade um homem está no auge das suas capacidades, com suficiente energia e maturidade, além da experiência e conhecimento que adquiriu na área onde exerceu a sua actividade profissional. Retirar-se do activo, não me pareceu uma boa opção. Fui-me dando conta que ele não era um caso isolado, tendo conhecimento que muitas outras pessoas, por iniciativa própria ou a convite da entidade patronal, entram na pré-reforma depois de acordos feitos entre ambas as partes. Tudo bem, cada um é livre para decidir o que acha mais conveniente para o seu futuro, sobretudo quando tem a possibilidade de escolher e se desejar continuar a estar activo encontra sempre que fazer.
Nestes tempos de crise que estamos a atravessar a realidade é outra. As pessoas perdem os empregos, mas precisam de continuar a trabalhar para poderem satisfazer os seus compromissos e fazer face às necessidades do dia-a-dia. Não se pode viver com o mínimo condições quando não se tem fontes de rendimento. Uma grande parte das pessoas que têm vindo a perder os seus empregos, à partida já sabem que lhes vai ser muito difícil, ou quase impossível, encontrar trabalho, porque têm mais de 40 anos… E, isto acontece, porque os empregadores, que precisam de estar atentos à competitividade do mercado, apostam no rejuvenescimento do seu pessoal. A idade passa a ser um impedimento e assim se vai desvalorizando o trabalho dos mais velhos…
Passo a transcrever um trecho de José António Saraiva , na revista TABU, de 05/07/08 que diz:

“ A atribuição de trabalhos a jovens é boa em muitos casos – como é boa a conservação em certos lugares de pessoas com alguma idade mas que deram provas de manter a juventude de espírito, o gosto pelo trabalho e a abertura à mudança.
Desprezar os jovens por serem inexperientes é mau – como mau é dispensar prematuramente os mais antigos por serem “demasiado” experientes.
Como em tudo na vida, a verdade raramente está num extremo – está, normalmente, no equilíbrio. Um equilíbrio sábio, em que se aproveite a sabedoria e maturidade dos mais velhos potenciada pela energia e pelo entusiasmo dos mais novos.
Mesmo na arte, não há regras. Não nos esqueçamos de que, se Mozart compôs o Requiem com 35 anos, Saramago escreveu os seus melhores livros depois dos 60. Todas as fases da vida têm forças e fraquezas. O segredo é tirar de cada uma o melhor rendimento.”

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