Numa entrevista a Maria Cavaco Silva, quando é questionada se está preparada para ficar mais 5 anos como primeira dama, caso o marido se recandidate, ela responde: “Não me candidatei, também não me recanditarei. Já estive preparada para muitas coisas que nunca pensei que me acontecessem. Cito uma frase de Agostinho da Silva que talvez corresponda à minha vida, “Nunca faças planos excessivos para a vida, para não atrapalhar os planos que a vida tem para ti.” Talvez por tudo o que planeei não aconteceu, acontecendo tudo aquilo que não tinha planeado. A vida tem com certeza planos, quais não sei. Quando vêm aceito-os e faço o melhor que posso e sei” (*)
Há determinados planos para o futuro que eu evito fazer. Procuro ir deixando o tempo passar e os acontecimentos vão-se desenrolando, alguns nem sempre como eu teria desejado, outros até, impensáveis, e que acabam por me surpreender pela positiva. Sou um pouco pessimista, não que esteja sempre a pensar que a qualquer momento irei deparar-me com situações desagradáveis, mas prefiro ser cautelosa nas minhas intenções, para não sofrer depois as desilusões dos imprevistos.
Se eu fosse dizer que procuro viver apenas um dia de cada vez, sem pensar no que irei fazer amanhã, então eu não teria perspectivas para o futuro. Por muito reticente que eu seja nos planos que faço, sobretudo a longo prazo, estou absolutamente consciente que a minha vida, como a de qualquer outra pessoa, tem de ser planeada, pois é assim que ela vai a pouco e pouco sendo construída. A falta de planos compromete o nosso futuro. Os tais “planos excessivos “ de que fala Agostinho da Silva, é que podem ficar comprometidos, porque a vida nem sempre corre ao sabor da nossa vontade.
A velhice, a fragilidade da saúde, a solidão, vão provocando o alheamento da vida, o desinteresse pelo amanhã, e, consequentemente, a vontade e a capacidade de fazer planos. Quando entro num lar de idosos fico muito triste porque vejo nos olhares de alguns deles a “espera” por alguma coisa e a resignação . Já não fazem planos, mas talvez ainda sonhem...Planear os dias implica luta, persistência. Sonhar é só imaginar, fantasiar e deixar-se embalar por eles…
(*) Revista “Única” do semanário Expresso, de 06.03.10
Há determinados planos para o futuro que eu evito fazer. Procuro ir deixando o tempo passar e os acontecimentos vão-se desenrolando, alguns nem sempre como eu teria desejado, outros até, impensáveis, e que acabam por me surpreender pela positiva. Sou um pouco pessimista, não que esteja sempre a pensar que a qualquer momento irei deparar-me com situações desagradáveis, mas prefiro ser cautelosa nas minhas intenções, para não sofrer depois as desilusões dos imprevistos.
Se eu fosse dizer que procuro viver apenas um dia de cada vez, sem pensar no que irei fazer amanhã, então eu não teria perspectivas para o futuro. Por muito reticente que eu seja nos planos que faço, sobretudo a longo prazo, estou absolutamente consciente que a minha vida, como a de qualquer outra pessoa, tem de ser planeada, pois é assim que ela vai a pouco e pouco sendo construída. A falta de planos compromete o nosso futuro. Os tais “planos excessivos “ de que fala Agostinho da Silva, é que podem ficar comprometidos, porque a vida nem sempre corre ao sabor da nossa vontade.
A velhice, a fragilidade da saúde, a solidão, vão provocando o alheamento da vida, o desinteresse pelo amanhã, e, consequentemente, a vontade e a capacidade de fazer planos. Quando entro num lar de idosos fico muito triste porque vejo nos olhares de alguns deles a “espera” por alguma coisa e a resignação . Já não fazem planos, mas talvez ainda sonhem...Planear os dias implica luta, persistência. Sonhar é só imaginar, fantasiar e deixar-se embalar por eles…
(*) Revista “Única” do semanário Expresso, de 06.03.10