Gostei muito da experiência. Sentia sempre grande prazer quando conseguia dar sentido às minhas ideias e partilhá-las. Obrigada a todos aqueles que ao longo de dois anos e alguns meses foram visitando este blogue.
Que Deus fique convosco.
Matilde
Sarah Boyle - "I Had A Dream" - Britain Got Talent - 9 de Abril 2009
No meu blog do dia 14 de Julho falei duma senhora amiga , já idosa, que recusa qualquer tipo de ajuda que as amigas lhe querem prestar. Continuamos a chamar-lhe a atenção para que ela procure viver com mais qualidade de vida, sair da solidão a que chegou abrindo-se ao convívio com as pessoas. A sua saúde tem vindo a debilitar-se, consequência duma doença oncológica que ela se recusa tratar. A televisão, que era a sua distracção e companhia, o Inverno rigoroso partiu a antena do telhado e deixou de funcionar. O cabelo cai-lhe enfraquecido nos ombros, mas não vai cortá-lo. Passou a receber há alguns anos o apoio duma instituição de solidariedade que lhe fornece o almoço e lhe poderia também tratar da limpeza da casa e da lavagem da roupa, mas recusou. Estes e muitos outros problemas, que não interessa aqui mencionar, deixam-nos tristes e preocupadas. De novo procurámos ajuda junto dos serviços de saúde. Esta semana foi visitada por um funcionário da Delegação de Saúde e uma enfermeira do Centro de Saúde, que lhe chamaram a atenção para a necessidade urgente de ir ao médico, de cuidar da sua higiene e da limpeza da casa, mas ela mostrou-se peremptória na recusa de qualquer ajuda, manifestando descontentamento pela ingerência na sua vida. Disse-lhes que tem amigas que a visitam e a aconselham ( mas só a muito poucas ela franqueia a porta para uma curta visita, mesmo que estas sejam esporádicas …). E não podem ser tomadas outras medidas porque ela está ainda no pleno gozo das suas faculdades. É o que nos dizem.
Está, pois, afastada a hipótese de continuarmos a criar expectativas na melhoria da qualidade de vida desta nossa amiga, embora elas fossem cada vez menos. Iremos continuar a visitá-la e deixar que as nossas palavras lhe levem algum consolo e a reanimem, porque, como ela diz “Eu não sou feliz e nem sei o que me poderia fazer feliz…”
Foi-nos dito que, se o seu estado de saúde piorar, basta contactar a sua médica de família que ela logo lhe prestará os cuidados necessários. É muito bom saber que podemos contar com a sua ajuda.
Pelo que nos informaram, há muitas pessoas que vivem em piores condições e não têm quem se preocupe com elas. Porém, a nossa amiga pode contar connosco, assim ela o deseje.
Deixo aqui duas estrofes dum cântico que ela gosta muito:
Com Tua mão, segura bem a minha,
Pois eu tão frágil sou, ó Salvador.
Que não me atrevo a dar nem um só passo,
Sem Teu amparo, meu Jesus Senhor!
Com Tua mão, segura bem a minha,
E pelo mundo alegre seguirei;
Mesmo onde as sombras caem mais escuras,
Teu rosto vendo, nada temerei !
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos".
Mário Crespo, JN
No programa Fórum, transmitido durante a semana na rádio TSF, os ouvintes são convidados a participar, fazendo os seus comentários, sobre um tema da actualidade. Na semana passada, após a confirmação da entrada em recessão do nosso país, um dos participantes, depois de várias considerações sobre o que deveria ser feito para atenuar a crise, propunha que não fossem atribuídos salários superiores ao do Presidente da República. Posso imaginar, se isso fosse realmente estabelecido, qual seria a reacção dos gestores de algumas empresas públicas , que auferem salários exorbitantes, alguns beneficiando já de boas reformas e a acrescentar ainda as regalias dum carro à disposição, cartão de crédito, subsídios generosos quando se deslocam em serviço além de outros que nos escapam. Tudo isto totalizará uma quantia que ultrapassa em muito o salário atribuído ao chefe da nação. Certamente que ao serem concedidos esses cargos foram tidas em atenção o nível das suas qualificações académicas, as provas já dadas das suas capacidades de trabalho e a esperança de poderem vir a ser uns bons profissionais. Mas será que isso obriga a que lhes sejam pagas remunerações tão elevadas?!
É de considerar também os enormes salários que alguns jogadores de futebol recebem, especialmente os que jogam em grandes clubes do país, pois constituem uma afronta para todos aqueles que têm de trabalhar toda a vida para conseguirem uma reforma que lhes dê alguma segurança na velhice, e mais ainda, para aqueles que nem isso conseguem … E isto, não tendo em conta os prémios, as campanhas publicitárias que fazem, etc. etc. E estes ganhos são justificados alegando-se que são obrigados a deixarem os relvados muito cedo. Tenho imensa pena deles !!! E o dinheiro que investem, os negócios em que se envolvem, as quantias que depositam nos bancos, não lhes garantem um futuro confortável, continuando a manter o nível de vida a que se habituaram? Só se foram perdulários e gastaram sem pensar no dia de amanhã.
O abrandamento da economia, que se tornou numa crise global, vai levar ao encerramento de mais empresas e, consequentemente, ao despedimento dos seus trabalhadores ou à redução de postos de trabalho. E o enorme fosso entre ricos e pobres, que já se verificava no nosso país, vai aumentar e agravar as situações de pobreza que a pouco e pouco irão surgindo, afectando uma boa parte da nossa população.
Há sempre um conjunto de razões que irão justificar a existência da pobreza no mundo, nos seus variados escalões. Nem todos têm capacidade para orientar as sua vidas, outros, as adversidades fazem-lhes perder a vontade de lutar, e quantos não levam uma vida de trabalho árduo e nunca conseguem os meios para poderem viver com dignidade. E há aqueles que se recusam a trabalhar e, a pouco e pouco, as suas vidas vão-se degradando. Mas agora estamos perante uma nova pobreza, que são todos aqueles que, de um momento para o outro, perderam os seus empregos e vêem as suas vidas destroçadas pela incapacidade de poderem continuar a fazer face aos seus compromissos e a sentirem que se tornam poucas as possibilidades de voltarem a ter um trabalho estável. Em princípio, terão direito ao subsídio de desemprego, ao rendimento mínimo, mas só por um período de tempo. E depois, se não conseguirem voltar a equilibrar as suas vidas, que perspectivas podem ter para o futuro, que reforma receberão na velhice? Entretanto, aqueles que recebem os tais salários milionários, continuarão a viver desafogadamente, com ostentação até, e sem preocupações no futuro.
Li há momentos na Revista Visão desta semana, que os inquiridos da primeira sondagem do projecto “Nós, Portugueses” dizem que um salário de 5000 euros é de milionário; um de 560 euros marca a fronteira da pobreza. Qual é a reforma mínima em Portugal? Quantos já estão no limite da pobreza? E quantos mais a atingirão? Quem vai ajudar a resolver esta situação? O Estado, que atribui grandes salários aos seus gerentes? Tantas interrogações para tão poucas certezas…