sexta-feira, 4 de julho de 2008

ONDE ESTÃO AS FAIXAS BRANCAS DA PASSADEIRA ?

Anteontem à tarde caminhava eu pelo passeio que contorna o canteiro fronteiro ao Cais da Alfândega quando vi que, em sentido contrário, vinha um homem novo, invisual, conduzido por um cão-guia, um Lavrador preto. Voltei-me e fiquei parada a ver, com admiração, como o animal iria conduzir o seu dono no atravessar da rua. Passado o canteiro, seguiram em frente, mas, depois, o cão parou por uns segundos, ficou indeciso, retrocedeu, aproximou-se da passadeira que existe em frente à Farmácia Faria, parou de novo, olhou para o chão e, hesitante, começou a atravessar a passadeira, mas mais no sentido da diagonal, e foi sair junto da parte mais elevada do passeio, o que levou o invisual a embater na borda do passeio. Depois, lá retomaram de novo a caminhada.
Torna-se difícil eu poder descrever com todos os pormenores o que observei. Por isso, peço a quem possa vir a ler estas linhas que tente visualizar esta situação. Certamente que chegará à mesma conclusão que eu cheguei. Aquela passadeira, como a maioria das existentes na nossa cidade, tem as faixas acinzentadas e a tinta branca, que as devia cobrir, já há muito que desapareceu. O animal ficou confuso porque foi treinado para atravessar nas passadeiras com faixas brancas. Só isto ! As nossas crianças também são ensinadas para só atravessarem as ruas nas passadeiras (com faixas brancas !). E as pessoas mais distraídas, aquelas com menos visão, e também os automobilistas, sobretudo quando conduzem à noite, poderão distinguir estas passadeiras ?!
Lembro-me que no passado, quando se aproximava a época balnear, víamos os pintores procederem à pintura das passadeiras e era agradável distinguirmos, já de longe, as riscas brancas a realçarem no escuro do asfalto.
Sabemos que a Câmara luta com dificuldades financeiras, mas será que umas latas de tinta irão sobrecarregar tanto as finanças da autarquia ?!
O que eu verifiquei foi a dificuldade de um cão, guia de um invisual, não estar à vontade para distinguir se estava ou não no caminho certo e não ter conseguido, da melhor maneira, conduzir o seu dono a chegar ao outro passeio. Não me venham dizer que a culpa foi do cão, que, talvez, ainda não esteja bem treinado para a sua tarefa. Eu não aceito essa desculpa.
O branco ressalta à vista do animal e não só. O cinzento é uma cor morta, confunde-se com o escuro do alcatrão ou dos paralelepípedos.
Fiquei muito chocada com a cena a que assisti, triste e revoltada e, por isso, fui logo ao Gabinete do Utente, na Câmara Municipal, escrever a minha “reclamação”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ontem os funcionários da CMFF estiveram a pintar as passadeiras.