Segunda-feira, como de costume, fui fazer voluntariado no Hospital da Figueira da Foz.
No início do ano, encontrei-me pela primeira vez com um homem alto, forte e ainda novo que estava a receber tratamento de quimioterapia. Por vezes, acontece-me experimentar um certo constrangimento antes de me dirigir às pessoas que ainda não conheço. Depende unicamente, eu sei, do modo como eu as vejo e do que as suas caras me parecem dizer. Novamente, eu verifiquei que muitas vezes estamos errados no juízo que fazemos das pessoas, antes mesmo de falarmos com elas. Hesitante, aproximei-me desse doente, e como sempre, disse: “Penso que é a primeira vez que nos encontramos ?” Só posso acrescentar que a nossa conversa durou longos minutos. Aquele homem imediatamente começou a desabafar. Falou, falou … Estava angustiado, triste, e, sem nunca me ter visto, falou-me da sua vida, das experiências dolorosas por que já tinha passado, da maneira trágica como tinha perdido um familiar muito chegado, e agora, quando passados já alguns anos, estava a viver uma fase mais tranquila, aparece a doença. Chorou ! Dirigi-lhe palavras de conforto, de esperança, mas, sobretudo, ouvi os seus desabafos. Encontrei-me com ele mais algumas vezes e via que ia ficando cada dia mais desanimado. Não se sentia bem, os tratamentos estavam a trazer-lhe efeitos secundários dolorosos. Deixei de vê-lo. Indaguei junto de outros “companheiros na caminhada” mas não sabiam o que se passava com ele. Comecei a ficar preocupada. Foi uma pessoa que me tocou profundamente.
Nesta segunda-feira, de súbito, vi-o entrar. Fui ter com ele e procurei saber como estava a passar.
Como o dia dos tratamentos tinha sido alterado, foi esse o motivo porque não o voltei a ver. Disse-me que já havia terminado os tratamentos, os resultados dos exames feitos tinham deixado a própria médica muito admirada, e ele, claro, muito feliz com a notícia. Então porque é que ele estaria de novo ali, pensei eu ? Neste último fim de semana tinha-se sentido mal e achou melhor ir falar com a médica. Estava desanimado, revoltado, triste… A sua companheira também estava com problemas de saúde. Voltou de novo ao passado, às cicatrizes que a vida lhe tinha deixado, à sua pouca saúde. Repetiu-me que tinha sido um cristão praticante, mas que agora a sua fé estava muito abalada. A dada altura disse-me “Minha senhora, eu vi no IPO de Coimbra, crianças a sofrer, que pouco ou nada sabem da vida. Porque é que sofrem tanto ?! Muitas vezes me interrogo , se Deus realmente existe …” É muito difícil para quem está a viver momentos tão dolorosos, aceitar de imediato explicações para as suas dúvidas .Tentei transmitir-lhe algumas palavras de conforto, justificar o porquê do sofrimento por que muitas vezes passamos, mas as palavras saíam-me com dificuldade, sem muita convicção, eu tinha noção disso. Eu também me interrogo, não sobre a existência de Deus, porque creio QUE ELE EXISTE E QUE O SEU AMOR É INFINITO ! Mas para o porquê de tanto sofrimento neste mundo eu não encontro as respostas que gostaria de ter e ouvir.
Lembrei-me, então, das palavras do nosso poeta Augusto Gil : “Mas as crianças, Senhor, porque lhes dás tanta dor ?!... Porque padecem assim ?!...”
No início do ano, encontrei-me pela primeira vez com um homem alto, forte e ainda novo que estava a receber tratamento de quimioterapia. Por vezes, acontece-me experimentar um certo constrangimento antes de me dirigir às pessoas que ainda não conheço. Depende unicamente, eu sei, do modo como eu as vejo e do que as suas caras me parecem dizer. Novamente, eu verifiquei que muitas vezes estamos errados no juízo que fazemos das pessoas, antes mesmo de falarmos com elas. Hesitante, aproximei-me desse doente, e como sempre, disse: “Penso que é a primeira vez que nos encontramos ?” Só posso acrescentar que a nossa conversa durou longos minutos. Aquele homem imediatamente começou a desabafar. Falou, falou … Estava angustiado, triste, e, sem nunca me ter visto, falou-me da sua vida, das experiências dolorosas por que já tinha passado, da maneira trágica como tinha perdido um familiar muito chegado, e agora, quando passados já alguns anos, estava a viver uma fase mais tranquila, aparece a doença. Chorou ! Dirigi-lhe palavras de conforto, de esperança, mas, sobretudo, ouvi os seus desabafos. Encontrei-me com ele mais algumas vezes e via que ia ficando cada dia mais desanimado. Não se sentia bem, os tratamentos estavam a trazer-lhe efeitos secundários dolorosos. Deixei de vê-lo. Indaguei junto de outros “companheiros na caminhada” mas não sabiam o que se passava com ele. Comecei a ficar preocupada. Foi uma pessoa que me tocou profundamente.
Nesta segunda-feira, de súbito, vi-o entrar. Fui ter com ele e procurei saber como estava a passar.
Como o dia dos tratamentos tinha sido alterado, foi esse o motivo porque não o voltei a ver. Disse-me que já havia terminado os tratamentos, os resultados dos exames feitos tinham deixado a própria médica muito admirada, e ele, claro, muito feliz com a notícia. Então porque é que ele estaria de novo ali, pensei eu ? Neste último fim de semana tinha-se sentido mal e achou melhor ir falar com a médica. Estava desanimado, revoltado, triste… A sua companheira também estava com problemas de saúde. Voltou de novo ao passado, às cicatrizes que a vida lhe tinha deixado, à sua pouca saúde. Repetiu-me que tinha sido um cristão praticante, mas que agora a sua fé estava muito abalada. A dada altura disse-me “Minha senhora, eu vi no IPO de Coimbra, crianças a sofrer, que pouco ou nada sabem da vida. Porque é que sofrem tanto ?! Muitas vezes me interrogo , se Deus realmente existe …” É muito difícil para quem está a viver momentos tão dolorosos, aceitar de imediato explicações para as suas dúvidas .Tentei transmitir-lhe algumas palavras de conforto, justificar o porquê do sofrimento por que muitas vezes passamos, mas as palavras saíam-me com dificuldade, sem muita convicção, eu tinha noção disso. Eu também me interrogo, não sobre a existência de Deus, porque creio QUE ELE EXISTE E QUE O SEU AMOR É INFINITO ! Mas para o porquê de tanto sofrimento neste mundo eu não encontro as respostas que gostaria de ter e ouvir.
Lembrei-me, então, das palavras do nosso poeta Augusto Gil : “Mas as crianças, Senhor, porque lhes dás tanta dor ?!... Porque padecem assim ?!...”
Sem comentários:
Enviar um comentário