segunda-feira, 7 de julho de 2008

UMA VISITA ...

Na semana passada fui visitar uma senhora amiga quer está num lar para idosos. Confesso que entrar nestas casas me deprime, venho de lá sempre triste e perturbada. Apesar de já ter ido várias vezes e também ter visitado outros lares, sinto-me como se fosse a primeira vez e isto talvez por estar à espera que alguma coisa tenha mudado e que eu possa sentir-me mais animada. Não me refiro à expectativa de encontrar novos móveis, um televisor maior ou as funcionárias com outro uniforme, por exemplo. Refiro-me ao que vejo reflectido no rosto dos idosos.
Quando entro nas salas de estar o que eu vejo são idosos normalmente sentados nos sofás, silenciosos, inactivos, com expressões tristes, alguns de olhos fechados, outros olhando quem entra, esperando a visita de um familiar ou amigo, e outros completamente alheios, aguardando, talvez, com ansiedade, o momento de recolherem aos seus quartos.
Quartos individuais, penso que serão poucos nestas casas. As despesas de manutenção são elevadas e as comparticipações dos utentes reduzidas. Quartos com duas ou três camas é uma das soluções para ajudar a equilibrar os orçamentos. Nos lares lucrativos, à custa de quantias elevadas, o idoso poderá ter o seu quarto com casa de banho privativa e até, em alguns lares, uma sala de estar anexa. Por vezes é-lhes permitido levar alguns móveis e assim viverem das suas recordações. Mas poucos, infelizmente, terão acesso a estes privilégios.
Surgiu-me agora uma ideia enquanto escrevia. Os idosos, quando entram para os lares, têm de aprender a viver no seu dia-a-dia com pessoas que, certamente, na sua maioria, lhes são desconhecidas. Alguns até poderão ser pouco comunicativos, que não apreciam estar em grupo. Outros podem gostar de conviver, são faladores, amigos da brincadeira. Encontrarão eles ambiente, espaço, para a sua boa disposição ?!
Certamente que outras questões bastante importantes eu poderia considerar, mas esta situação talvez seja um dos “porquês” do estado de espírito que eu vejo transparecer no rosto desses idosos que visito.
Enquanto novos, estamos abertos à novidade, a mudar de casa, a criar novos círculos de amizades, etc., mas, com a idade a avançar, tornam-se difíceis as mudanças e no mundo que criámos é nesse que gostamos de viver.

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